segunda-feira, 3 de outubro de 2016

PALAVRAS NA AREIA


Sou o que me resta,
não há leito de morte,
não há corte no meu peito,
nem sombras pra dissipar.

Eu poderia ser tantas coisas...
um suicida,
um sacerdote,
um aprendiz,
ou apenas um tolo,
desfazendo o seu jardim.

Eu poderia ter tantas coisas...
funções,
religiões,
alucinações,
ou somente ter
um plano pra partir.

Sou apenas esta frase se formando,
uma mente se ajuntando,
apagando palavras na areia,
pra se esparramar de novo.

Sou o que vai ficando
com a porta entreaberta ao inevitável,
sem palmos pra medir certezas,
nem passos pra traçar limites. 

Marcos tavares 


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