quinta-feira, 2 de junho de 2016

A PRÓPRIA LUZ

Uma vez que o indivíduo toma a forma para si como inteligencia individualizada e não mais universal, esta forma iludida em estar limitada começa a se expressar como se fosse um sujeito em busca de objetos. Neste instante surge a ideia do eu e do outro, do eu e o mundo, e neste sentido de separação aparece o buscador, uma entidade fictícia em desamparo, tendo a sua frente um destino a ser vivido, um território hostil que deverá ser conquistado e anseios a serem suprimidos.
Neste mundo onde tudo busca luz, crescimento e procriação a estória dessa identidade ilusoriamente humanizada começa a ser contada pelas circunstancias nela determinadas.
A configuração humana herdada ao nascer é pensar ser aquilo que é iluminado quando na verdade é a própria luz. 
Tudo que é sentido ou presenciado esta externo a nós. O seu corpo, seus pensamentos, seus sentimentos, suas emoções ou qualquer estado interior ou exterior observável é um objeto manifestando-se nesta luz. Aquilo que somos em verdade abrange tanto o dentro como o fora, tanto o bom quanto o mal, tanto o prazer como a dor. Pensamos ser essa ovelha desgarrada, uma parte discriminada do todo, que teme a morte e luta pra se preservar e defender uma ilusão chamada “minha vida”, enquanto a verdadeira vida não possui um dono nem é possuída por nada. O caminho para a libertação desse engodo é deixar de viver como alguém que tem uma vida, pois você nem ninguém a vive, nem a possui.
Somos a própria vida livre e espontânea, presente em tudo que existe ou possa existir, somos o verbo que abrange toda a ação manifesta, o côncavo e o convexo de mãos dadas no infinito, o tudo e o nada não separados, brincando eternamente consigo mesmo. 

Marcos tavares

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